- Sabes imitar uma vaca?
- Claro que sei.
- Então imita-ma.
- "Olá, sou uma vaca".
- És parvo... olha, vês aquela série da gaja que vê mortos?
- Sim. É a série da Melinda.
- Ainda bem que a vês, eu também a vejo regularmente.
- Mas eu não a vejo regularmente.
- Não?
- Só às vezes.
- Só às vezes é que a vês regularmente?
- Não. Só as vezes é que a vejo às vezes. Nas outras vezes nem chego a ver.
- Devias ver regularmente. É muito boa.
- Bah. Prefiro cortar-me.
- A sério?
- Claro. Tenho curiosidade em ver se as veias são mesmo azuis...
- Lol.
- Desculpa?
- Lol. É uma expressão que os jovens usam.
- Mas tu não és jovem.
- Desculpa.
- E afinal o que quer isso dizer?
- És um chato. Adoras subverter-me.
- E só te conheço há 12 minutos...
- Exacto. Nem consigo conceber como seria se te conhecesse há mais tempo.
- Mais tempo quanto?
- Sei lá, uma semana.
- Uma semana é muito tempo. Mas devo dizer-te, não és a primeira rapariga que conheço. Aliás, já conheci raparigas antes de ti.
- Ai sim?
- Claro, mas desde há 12 minutos atrás tu és a primeira e sinceramente acho que eu e tu...
- Cheiras a Trinaranjus.
- Pois, não sei, deve ser. Mas como estava a dizer...
- Olha, já beijaste alguém?
- Hum, uma vez, há muito muito tempo.
- E foi um beijo apaixonado?
- Não sei, já não me lembro.
- Como não te podes lembrar?
- Estava distraído ... Não quero falar disso.
- Então força, não fales disso.
- Falo do quê?
- Tu é que sabes, foste tu que meteste conversa comigo. Afinal o que é que queres?
- Estava justamente a chegar a essa parte. É assim: Julgo que gosto de ti.
- Ai é? Mas olha que só me conheces há 12 minutos.
- Que exagero! Já te devo conhecer há pelo menos 14!
- Isso é pouco tempo. Quero que me leves a sair.
- Fora de questão. Não posso ir a nenhum sítio.
- Desculpa?
- Tenho um problema. Apaixono-me demasiado depressa.
- Estou a ver. Lol.
- Não é algo para rir, tenho realmente um problema. Não consigo parar de me apaixonar pelas pessoas ... e é possível que me apaixonasse por alguém que não tu nesta mesma noite...
- Bem, pelo menos não és um coelho.
- Mas gosto de cenouras na mesma, percebes qual é o problema?
- Lolada. Acho que te fazia bem um pouco de instrução. Tu não és normal, tu não podes ser normal, isto não pode ser normal...
- Mas é, rapariga. É mesmo. Aqueles pormenores fofos não me escapam. Alguma palavra menos discreta que entre em mim, uma forma de vestir mais provocante, um sorriso sincero ... conseguem destruir-me completamente. Mas ainda tenho outro problema.
- Ainda bem que te conheci. És mesmo o Sr Perfeição.
- Deixa-me falar. O que acontece é que não me consigo apaixonar na íntegra por uma pessoa só. Só por bocados de quem me rodeia...
- Hello? A realidade telefonou, quer a sua estupidez de volta! É óbvio que não te consegues apaixonar completamente por uma pessoa só. Ninguém consegue. Apenas estamos demasiado habituados a dizer que sim. Há umas linhas atrás chamei-te Sr Perfeição em clara ironia, e repara, tinha mesmo que ser irónica.
A perfeição é um mito igual à paixão contínua.
- Uau ... és tão complexa. Mesmo. Maravilhosamente abstracta. Acho até que ...
- Estás apaixonado por mim?
- Sim!
- É só impressão tua. Mas vamos fingir que sim. Só pelo divertimento.
domingo, 9 de novembro de 2008
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