- Olá, como te chamas?
- Que te interessa?
- Não muito. Apenas gostava de saber. Afinal quem és?
- Fácil de responder. Sou aquela. A noite o dia. O princípio e o meio. Uma encantadora, uma espectadora. Uma encantadora de serpentes, uma fada.
- Define-me fada.
- A ti ou em geral?
- Para todos.
- Fada: "Ser imaginário representado por uma mulher dotada de poderes sobrenaturais." Mas isto não fui eu quem disse. Diciomário.
- E concordas?
- Em parte. Vejo-me mais como um espelho mudo, uma fatia de gelatina a repousar no Inferno.
- Isso não faz sentido...
- E tem que fazer? Não te podes entregar ao exemplar que soletro?
- Desculpa Fada...
- O meu nome agora é Metamorfose. E não te desculpes. Isso é para fracos. Estou farta de lamentações. Quero outras coisas. Quero luzes. Quero. Não há discotecas na floresta.
- E só vives aí?
- Não. Às vezes habito nos espíritos de quem odeio. Refugio-me nos olhos de quem desprezo. É uma forma de combater esta mortalidade agarrada.
- Não sabia que eras mortal...
- Nem sei se sim ou se não... tenho vergonha de tentar o suicídio.
- Pensas como um homem. No escuro diria que eras um.
- Não tenho tempo para discutir isso. Não tenho tempo... perco-me na sabotagem... sou um teatro peculiar...
- És demasiadas coisas...
- Parece que já não acreditas em mim...
- Não consigo qualificar-te, Fada, mas não me pareces assim tão complexa...
- Já te disse: o meu nome é Metamorfose. E sou um pedaço de fantasia à solta. Percebes?
- Transfiguras-te!
- Exactamente. Agora dá-me licença enquanto me mato...
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
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