sábado, 4 de outubro de 2008

O

Mário era viciado nas artes da sedução. Dizia-se que andava de calções para fascinar as jovens. Mas alegrava normalmente mais os esquilos do que exactamente o alvo.
"Tens mais sabor do que um guaraná com piri-piri!"
Dizia coisas assim. Misturas de falta de nexo com atiradismo inadequado.
Espantoso era que resultava, e de uma coisa podia estar certo: os esquilos adoravam-no. Claro que não chegava. Ele queria mulheres. Ou mulherzinhas. O que viesse primeiro. Não estava, à partida, interessado em esquilos. Aliás, vamos esquecer os esquilos por um instante. Este sujeito magnífico, de nome Mário, não possuía demasiados interesses. Queria gajas. Considerava-se crente em chegar às 5000 mulheres. Isto sem falar no desejo secreto de se tornar no 103º dálmata. Mas adiante. Intimidava homens com a sua postura máscula. Os olhos sagazes revelavam um cálculo intimista preciso, seria um ídolo se se concretizasse. Um poster na parede de meninas imaginárias. Unia todas essas aproximações que ia explorando. Esquilos e bocas. Incentivava a fuga do papel.

Queria o tudo fazendo o tudo obtendo o nada.

Acontece sempre assim.

You do it to yourself.

You do.

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