Alzira, educada à maneira da ciência juntou-se à mesa. Era requintado o prazer de se anunciar submissa, que delícia, ela sabia, ela era.
Respirava tosse no prato, culpava as salmonelas por lhe terem atrofiado a adolescência.
Dizia-se uma vítima da inteligência. E o choque cuiltural mais forte que absorvia com frequência eram os olhos feios que apareciam mortos na sua cama.
Os bocejos eram perigosos, e ela, professora, Alzira professora, dava valor às lições de insónia que tanto trabalho lhe tinham dado a decorar.
Figura esqueletal, trapo verde, decorava-se também para a noite fugaz, hoje seria uma estrela rápida. Dava-se ela com músicos, aligeirava-se com a rouquidão alienígena abismal que invadia os seus vértices. Ajudada por um aparelho para segurar gengivas e com recepção do tacto incluída tornara-se simplesmente simples e intocável. Não eram olhos feios os seus, tinham de alguma forma vida, os seus olhos. Estavam no meio, a espreitar.
A sua fantasia era a almofada. Actor-fetiche: Vincent Price.
Juntou os dois e afundou-se num suicídio particular.
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
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Um comentário:
Quem não tem um fetiche pelo Vicent Price?
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