quarta-feira, 29 de outubro de 2008

A Visita de Um Intruso

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Observa o pequeno planeta que te rodeia, não achas engraçado que as pessoas que se gostam unam as mãos? Vá, não devia ser novidade para ti, certo? Chama-se gos-tar. São duas sílabas apenas. Tenho que começar a explicar-te estas coisas, esqueço-me como és inexperiente nestas experiências de afecto e afins.
Vou começar por te mostrar este sítio e outros ao mesmo tempo.
Ali ao fundo está uma rapariga que tenta compensar a falta de beleza com saltos altos. Aquela, ri-se mais alto que a própria lua. Outra é simplesmente gorda. Repara só como é curioso este planeta!
Os gajos são diferentes. Emulam deuses menores em poses convencionais. Acho que está na moda isto de ser cirurgião quando ainda mal se sabe brincar com facas.
Mas não me ligues muito, tenho o vício de odiar toda a gente sem conhecer ninguém. Ainda bem que tu és assim como és, fugindo do catalogável.
Continuando, há um tom de madeira cerrado a balançar, dá para ficar pedrado nesta atmosfera.
É enjoativo pensar numa cor só.
Há uma rapariga, contudo, que não passa invisível pelas lentes. Não sei a cor do seu cabelo, talvez amarelo-sol, daquele bem gasto. Folheia livros como se estivesse realmente interessada neles. Veste-se entre o casual e o despreocupado com toques de modernismo. Parece mesmo interessante, algum tipo de mulher evoluída com traços muito diluídos de pseudo-intelectualismo (que doença horrível). Aqui vai uma lição para ti: Se bem que ainda não percebi muito bem os teus gostos, não creio que a conseguisses fornicar. Provavelmente é lésbica, percebes? Não é para te desiludir, mas tudo o que queres, não podes ter. Aliás, nem devias poder querer.

Mas ela podia tornar-se minha amiga!

Esquece, ilusões fazem mal.

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Isto não é um planeta de anormais. Juro que não. Um planeta de anormais teria conseguido criar isto que disse e já não me lembro? Duvido!
Afasto o cabelo que insiste em me tapar a cara. Até ele me acha pouco atraente. Não sou inseguro mas sinto-me extremamente sozinho neste reino sem braços.
Penso em árvores com raízes feitas de sombra. Irónico pensar na Natureza, os meus ídolos estão todos mortos na velha cidade.
Agora é a fase dos conselhos. Não tens doenças pois não?
É que acho que as miudas não se apaixonam por disléxicos. Fase número dois: Tens de aprender a relaxar, isso de pensar tanto que me dizes que tens e que pensas acaba por te destruir. Tens que estar apto a sobrevoar o vácuo. Ouve música sem pensar como foi criada, aproveita filmes não sabendo que são falsos. Acredita na aparente estupidez. Finge-te de ignorante até seres um. Estiliza-te no modo satanista. És completamente superior sem o seres. Atira a preocupação a um canto. Vou falar-te deles outra vez, são felizes. Há mesmo provas concretas: eles sorriem. Porque não hás de sorrir também? Quero que tenhas o desejo de ser recordado, seria egoísta viveres só para ti. Faz algo!
Eu conheço o teu estado. Sentes a falta de algo mas não sabes o que é. E de repente sabes o que é. E de repente não é nada. E de repente morres porque pensaste demasiado.
Sentes que nada dá resultado, mas podes tentar o que fizer sentido para ti.
Deixa o ar entrar. Afinal de contas, podes não conhecer números mas sabes que tens cérebro.
És um fósforo feito no céu.

Um comentário:

Anônimo disse...

Não ha palavras...