quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Constelações

Dias como prendas
Recheadas
Explodir
Induzir
Tentativas
Quero alastrar
Sentir a tinta, devagar
Desenho na mão
Fujo
Reparo
Antevejo
Noites vazias, tremidas
Antes de mim
Vou traí-las, constelações
Perdidas
Nos seus próprios ódios
Nos seus prórprios fins

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Estátuas

O mundo é a minha tela de recordações.
O entusiasmo não é permitido a alargar-se fora do corpo.
Quase absolutamente nada para me derrubar mas o efeito da novidade fugiu.
E não é só isso que procuro. Quero a primeira dose constantemente.
Não sei se a controlo. Surge.
Qualquer movimento existe a mais. Sorrir é dispendioso, gestos esgotam-se.
Quando estão calados são mais interessantes. Posso inventar-lhes diálogo.
Escrevo por pouco, apetece-me repousar indefinidamente nos sonhos de outra pessoa qualquer.
Que ânimo quando mexem a boca. Parece que estão a descobrir algo superior.
Caras difamadas horríveis. Caras razoavelmente normais. Caras atraentes. Para que servem?
Preciso mesmo de me afundar. Hoje nem vou tentar formular nada que tenho regularmente.
A minha voz não respira.
Quero mais que cruel observação. Dirijam-se a mim. Convidem-me. Tornem-me vosso.
Quero manter uma solução que não se pode perder. O máximo tudo sempre.
Deixar de lado uma Cinderela chata que com frio se repete.
Jantares, cafés, pessoas, conferências. Não estamos na Universidade. Parem de falar dela.
O silêncio pertence-me bem neste momento de pré-ilusão.
Quero ver como alguém decide o amanhã.
Espero não ver tantas estátuas previsíveis.
Espero não ser uma.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Num Momento Apenas

Todos tínhamos uma missão mesmo completamente delineada algures.

Cada pessoa que encontrávamos tornava-se uma peça armadilhada do nosso puzzle relógio.

O espectáculo era a realidade.

No futuro ou quase entre o passado e o presente, o resplandecente triunfo do objectivo agitava-se em fragmentos palpitantes, construídos.

A vontade de ser estaladiço sem se partir.

Paixão

Música que espelha emoções
Nas ondas da criação
Não vou explorar mais
Perder-me
Quero um lugar para estar comigo
Aí o que julgo é irrelevante
Escolho a decoração
Rapto frio e fogo
Junto-os cuidadosamente
Algum tipo de inocente maldade
Nunca certa do seu valor
Tão mais eu

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Alguém


Traz-me a cabeça autografada
De alguém que desprezes


Sim
Não

Repara
É só um jogo

Teias geladas
Figuras axadrezadas
Cadenciadas
Tanto para tudo
Tudo para tanto
Nada

Traz-me o sabor que ordeno
A chuva escurecida
Entre sombras derretidas
Espelho desonesto
Memorável funesto
Traz-me de volta o aspecto
A fantasmagórica visão


Da cabeça autografada
De alguém que admires...




sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Acidente De Nascimento

Acaso revolve num assombramento minucioso
Cadernos pretos sem razão frios
Modelo executado em premonições tardias
Nego a tua excelência
Súplica gritada despedaçada
Arranha nas profundezas o clamor da rejeição
A insanidade premeditada que não ouso mostrar
Esgotado antes de começar
Regresso



Tu és quem eu não quero
Não te conheço mas odeio-te
Não te quero conhecer

“Foste um acidente”



*********II*********

Pedras sonoras completam o desespero
Rodeado nas incertezas vivas
Aqui
Sorrisos adulterados
Evoluí
Fogo laranja
Céu de uma cor
Madrugada misturada

É estável o desenho que tracei
E os pormenores que calculei
São bolhas de sabão
Volumosas
Que se aproximam
Tocam-me
Vigiam-me
Desaparecem…

domingo, 4 de novembro de 2007

Primeira Fila

Cortinas abrem-se
Espectáculo começa
Deliciosos aplausos
Limiar da peça
Realismo selvagem
Diálogo interior
Surpresa escondida
Olhar inovador

Estreia do mundo
Curiosidade insaciada
Asas carmesins
Uma lua alterada
O que não existe
Criado na actuação
Palco iluminado
Eliminada ilusão

Cortina desce
Magia desaparece
Teatro de louvores
Brinquedos e sabores
Somos nós e tu
E eu e os três
Na primeira fila
Sem guião

É tudo Senhoras e Senhores

Morram

sábado, 3 de novembro de 2007

Frase Não Acabada

Desde o dia em que acordaste
Feiticeiros movem-se
Crepitam soluções divinais
Caldeirões reluzentes recheiam-se
Mãos voam, atiradas
Secções rítmicas estagnam e começam de novo
O sabor imprevisto de um interesse não confirmado
Toque neo-clássico curioso de um cabelo infindável
Nervosismo secreto
Bichinhos que controlam
Há muito mais
Entregue numa mente consciente que salta por todos os lados
Uivos eléctricos
Resultados sorríveis
Demais, até existo
Para trás, fotos em pedacinhos que não reconstruo
Dedos humedecidos onde não actuo
Hoje não chove mas está quase
Desde o dia em que acordaste
Vassouras deslocam-se
Soluçam sinais na pele
Sei onde estão de olhos fechados
Pegadas palpitantes
Flutuar anestesiante
As pontes estão já queimadas
Experimentamos a ascenção
Entoação
Tua subtil
Agora com teclados