terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Kiibo e Midorina

Na televisão as plantas falam e são giras e são árvores e são bonitas e experimentais.

Indefine-se o sexo, é irrelevante para que lado se vira o Outono nestas prováveis situações de delírio.

Duas perfeições numa só: o sonho da Natureza a abrir-se em esplendor.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Alegriador

Hoje choveu pouco no magnânime reflexo da outra janela. Pouco se passa neste meu universo tornado mundo. Perdi tudo o que tinha em simples meses irresponsáveis, mas não era altura de me martirizar com o irreversível, ate porque já passou um ano desde que perdi tudo em meses. Mesmo assim, ainda o sentimento despertava e voltava a latejar. Queria a sua voz a atravessar-me, as suas ideias por completar e fotografias por definir a definir-me cada vez mais. Tivemos um quadro não finalizado por medo e culpa. Medo de me atirar e saborear as extremidades confortáveis do precipício; culpa de me estar a sentir bem demais e não saber lidar com isso. Mais aconteceu. Mais acontece. Novo ano, novas caras, simulações ilusórias do esquecimento. Doses espontâneas e premeditadas de reconstrução corporal. Sim, sou outro. Talvez superior. Devastado e aos pedaços. Acorrentado a pedaços de momentos vivos neste interior confuso. Não é saudade. É vontade de partir o tempo em dois e resgatar o meu eu anterior, lançar-me agora por esse portal delicioso que finalmente sei preencher. São tudo desencontros e insanidade. É isto a vida. Quando tudo está ideal, morre antes de se tornar perfeito. Complicado encontrar drogas celestiais que salvem um pouco de mim. Refugio-me na imaginação que crio. Penso numa iguana laranja tridimensional mas não me serve de nada. Isto não é nada, eu não sou nada, não posso querer ser nada.
Pretensão mata.
"Que estás a fazer?" - perguntou ela, interessada nos fragmentos da minha compulsiva estrutura pessoal.
E tudo começa de novo.

É Aterrador O Que Passa Por Comunicação

Como me disseram, fiz uma estrutura narrativa coerente assemelhando-se a um livro. Começa com um homem metade animal metade homem numa aula onde glorifica uma clara entidade com três quartos de cérebro a pular pelas órbitas. Foca-se a imagem e vê-se o homem a olhar para fora, desejando que o sol não se deite tão cedo. Vê centauros a correr desastradamente pelo céu.
Muitas pessoas o rodeiam num meio de sombra limonesco estando todos calados a ouvir a misteriosa entidade. Este jovem, meio homem, meio animal, vai pensando, ele pensa muito e depara-se com conflitos antigos. Acha curioso o profissionalismo com que as pessoas modelam a sua existência.
Conflitos anteriores tornam-se posteriores. Deseja o que sabe que não pode ter e talvez precisamente por isso deseja-o cada vez mais. Lindo apreciador de ensaios e poesia. Concentra-se agora na adoração do metal. 16:52. Pôr-do-sol. Imagina o que diria à hipotética amada descoberta na aplicação prática. A teoria parece deliciosa. E com muitas. Não só com a que não pode ter. Mas ela é a pior de todas, é a perigosíssima. Eva de cristal. A mais proibida. É ficção gostar dela neste momento, considerando que há uns minutos pensava em outras e nunca na definitiva. Idealizava um suicídio romântico com ela, com essa que não pode gostar dele. Ou será que pode? Foi perguntar-lhe. Não foi nada. Não admiraria as suas particularidades. Ou será que sim? Admirava-a, mas não estava sozinha. Implodiria com ela numa explosão insonora. Continuaria o futuro condicional with her. Aquele metal! Sempre aquele metal com voz misturada, nada simulada, imperceptível nos escombros. Os seus segredos como arte. Compreensão por telepatia. Imaginava a sua pele encostada ao seu corpo impossível. Mas nada. Ele era realista, e fabricava-a à distância. Via-a como uma princesa da moda, irradiando luz perfeita. Uma estrela com brilho interior. Declarava-se a páginas sem cor. E mesmo assim, a timidez impedia-o de concretizar plenamente os seus sonhos imaginários. Mas nada. Nos seus melhores sonhos. Nestes melhores sonhos era um firme especialista a dramatizar. Sem consequências recheadas de real impacto.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

S e m r i t m o

uma mulher sem olhos numa parede sem sonhos e paisagens rectangulares em bicos de pés com sobrancelhas pintadas e mãos de ferro em voz infantil sobre ferro sensual na sepultura eléctrica que não é esta mas a outra que recusa a morte e parece-se a ela e esta elástica de contornos efémeros parece que sabe naufragar num esconderijo hipnótico mas a outra merece também preocupação de mim sim é mais sombra que brilhos e desenvolvida e questiona o fim e espera por mim não como a outra feliz estrangulada em suas pegadas mais indefinidas que certas não como a outra suspensa em infinidade mitológica mito lógico ao consentir possibilidades magenta

domingo, 14 de dezembro de 2008

Porque me apeteceu...

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Chupei o ar à volta da crucificação voluntária








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Saber Ilusório

A ligação espiritual de falsos é falsa como falsamente impliquei. Os que iludem o saber com as suas não-enigmáricas presenças menciono. Os fáceis de descodificar em contactos imediatos. Os que viajam em caras dramáticas sem intensidade. Os desinteressados pela naturalidade. Os que fixam a parede. São esses. Os mesmos. Aqueles. Não acredito absolutamente em vidas intra-terrestres.

A Sombra De Uma Sombra

A fantasia monocórdica parece uma
Corda, parece uma espada grave com curvas agarradas
Num frio agarrado, numa
Musa nórdica
Com mãos de madrugada espontânea
E sorriso de boneca quebrada

Cenas do nada acontecem
Entrelaçadas em mel e amor
Juramento influente de viúvas
Lindas em ceptro e jóias

Virgens frígidas que passeiam pela floresta de mãos afastadas
Simplicidade tornada mulher e grande
Ínfima infinidade e mulher na intimidade
Intimidante

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As sombras parecem tudo e não magoam
E parecem sombras que assombram
Mas as sombras não têm sombra
Ou será que têm?

Escutem a beleza do genocídio ao desvirtuar o natural! Escutem!
Escolham o genocídio da beleza a naturalizar o desvirtual! Escolham!
Isso é bom mas podemos fazer outro, fazer outro...
O mundo anda às voltas mimadas

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Revólver

Antecipo a magia em passos leves, sou mesmo sonhador. Passei oito horas a sentir os seus lábios, a textura era quase real. Escondi-me neste dia de sol no meu quarto diminuto e canto assim para dentro e sinto-me vivo no meu planetinha. Já pessoas me chamaram sensível. Preferia que me chamassem disléxico. O ar revolve nas pálpebras quando me entusiasmo, sim, desculpem mas às vezes excedo-me. E ainda nem comi. Viajo em nuvens neste momento instantâneo. Não percebo a consciência, não sinto saudades de nada que não tenha feito mas revolto-me na mesma. Quando for lá para fora vou exibir-me. Esmagar os crânios de quem mente. Sou sensível, como já me disseram. Acho que não me percebem. Nem querem. Porquê optar pelo prazer de uma mulher quando tenho revistas de moda? Gosto delas assim. Das mulheres. Estáticas e bem vestidas. Caras grandes. Claro que isto não pode ser considerado um acto estranho. Seria absurdo ver isso assim, um ultraje! Também faço outras coisas. Digo "amo-te" aos pássaros. E eles retribuem. Incendeio florestas para me aquecer. Compro sentimentos em pó. Sempre que quero algum é só escolher um saquinho. Todos apertadinhos e perto do meu revólver. Ele não me julga. É bonito como uma das modelos pelas quais me apaixono. Beijo-o em segredo. Provo a morte e dispenso-a. Sabe a ferrugem.

Malícia da Isolação: Os Princípios Da Incerteza

É apaixonante quando ela não vem e não se move estática perto da minha pele gasta. Penso nela na ausência, na mudança que inflinge no esqueleto perturbador. Era tanto e tudo, tiro ilações daquela face iluminada, perigosamente instalada num império frio. És amarela, és ruiva, és multi-color. Permitia-me invadir-te rasgando-te a inocência. Os olhos, arrancava-os em espiral mastigando-os. Maligno! Ter-te dentro de mim. És dura e tens asas. Auréola infernal. Absurda total. Chego à hora marcada ao local onde não combinamos. Decido por ti os artifícios que me fazem mexer, mexo-me em alturas, respiro dentro de nuvens sintagmáticas, cuspo água com dentes absorvidos. És a chuva que se infilitra nos lugares menos próprios. És Lua sorrideliciosa impressa em carácter surreal. Serei o teu planeta pequeno, hipnotizante como um berlinde exagerado. Um astro impulsivo. O teu Sol pensativo. Escrevo a tua biografia em cada palavra que te sussurro. Serei o mais elevado autor da tua existência, manchado pelo medo que não existe e os gritos que não consegues calar. Comparada com o teu fogo, a Inquisição não é nada. O meu desejo em ti reflecte-se, torna-se sofisticado no Inferno sistemático que escolhemos como privado. Evoluímos nos braços um do outro, tornamo-nos grandes nas chamas simplistas.
Tinta invisível na mão quando não estás, quando as mãos percorrem sentimentos longe distancio-me da vida na imaginação. Supremacia da incerteza, contacto o corpo longínquo que me afecta os sentidos desde a sepultura até à morte.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Tentativa de Suicídio

Olho duas vezes à minha volta. O absolutismo do meu reino perturba-me em doses habituais.
Tudo me enerva, tudo me suscita, tudo me causa pasmo e tristeza. Recolho um fio de cabelo quase branco desconhecido e hipnotizo-me durante 15 segundos. Mini-felicidade.
Tenho ciúmes de mim e dos outros, sou bom de mais, sou horrível de mais, o que me diferencia é a indiferença. Há planos bem definidos para mim mas apetece-me anular o destino.
Circulo nos contornos do círculo sem encontrar o centro. Para quê melhorar-me? Optimizar corpo e alma para acabar num caixote? Deixo-me andar. Não levo nada a sério, crio dramas despropositados, admiro as fendas da realidade por onde quer que passe.
Sinto-me só quando estou sozinho. Não incompleto, apenas miserável. Há curiosidade em ver pessoas, tocar em pessoas, falar com elas, mas o impacto reduz-se no prolongamento.
Ser invisível. Observar o mundo descalço. Um fugitivo do Presente.
Vestimo-nos, comemos, bebemos, rimo-nos, falamos, fornicamos, zangamo-nos, amamo-nos.
Sem compreender porquê. E não interessa porquê. São só repetições.
Afasto as pernas dos joelhos. Separo a carne do espírito.
Tento-me matar.