sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Demónio Negro!

Surgiste do interior do estofo de um sofá usado. Confundem-te com larvas, descrevem-te com palavras, louvam a tua etérea nulidade.
Com açúcar coberto transformas-te em pureza: feito de pontinhos de doce, uma brisa leva-te o espírito.
Inocente a tua origem, indecente a tua meta.
Queres tocar num festival de verão.
E adormecer no rio.
Enquanto galáxias e sapos crepitam no silêncio.

O Homem que se Roubou a Si Mesmo

Era uma vez um homem que se roubou a si mesmo. Como aconteceu isso, perguntam, como terá acontecido. Estaria numa galeria, admirou-se com um quadro, maravilhou-se com a legenda.

"o amor é uma vibração nas calças"


Descrevo a imagem: um coveiro sentado no seu próprio caixão. E borboletas olhando de cima para baixo pintadas em tom de náusea. Não percebeu a relação com o título. Decidiu perguntar-lhe. O coveiro era mau e cuspiu-lhe na cara. Zangado, roubou o quadro. E como se isso não bastasse, roubou-se a si mesmo.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Preciso de companhia para a alma. Uma duplicação mais bem sucedida de mim próprio. Nem tanto no céu nem muito no inferno. Purgatório para sempre! Com almofadas simples, candeeiros de cristal e chocolate quente. Bandas todas as noites. Ninguém tinha inveja da estrela. porque todos eram a estrela. Não-responsabilidade, não-julgamento, não-não, SIM!
Éramos felizes por nós mesmos. Os nossos duplos eram versões nossas premeditadas. Confiança! Haviam caras mas não reflexos. Não existiam filmes ou fotografias. Iguais que não conseguiam ver que eram diferentes. E a coragem estava dentro.
E não havia medo da rejeição porque
não havia rejeição.

Entre o paraíso e o fogo, a perfeição.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Role Model / Real Model

tributo a Deus de cima, o maior

a antítese das plantas
irrelevância de quaisquer feições
morte monge - o vazio
na falta do sentido vê o sentido
morcego cego
na adoração vê a luz
demasiada luz
elimina a luz
dissipa a luz
aperfeiçoamento do comportamento:
reacção CÃO DE PAVLOV
morram nessa saliva

apetece-me escuro