terça-feira, 26 de maio de 2009

Anjo Verde e os Sete Poderes do Universo

Há um advogado a cochichar ao ouvido da musa
Subjectiva moda, que a catástrofe mais forte
é analógica, é conventual
é deliciosa e espiritual

Isto que escrevo não tem implicações na realidade
Não se concretiza. É triste isto.
É triste não poder chupar pérolas ao pequeno-almoço

Mas com ela e poderes imaginados ressuscito mesmo
Em linguagem simplista

Imagino uma colher mas não me serve
de nada. Nem pormenorizada.

[imaginação: unicórnios/aureólas]

O poder acelerado que peço não é o domínio absoluto.
Falo da ampulheta e do meu dever como espectador.

Parar o tempo. Paragem completa. Cardíaco nulo.
Estátuas de pele. Segundo desejo. Olhar de lente
fotográfica incorporada. Fotos em imagem parada.
Figuras de gelo ao vivo. Dentes. Sorrisos. Tendões.
Músculos. Padrões. Jeans.

Arte lenta masturbatória
O infinito reduzido a um relógio quebrado
Cinzas reconstruídas

[ ]

Na tua aparente indiferença

Estes seriam os dois primeiros poderes
A quebra óptima no momento e o registo
perfeito do intervalo

O mundo tropical envolto em silêncio
Galeria privada real para deleite pessoal
O mundo como um quadro

Close-ups estáticos, juramentos estéticos
Puro planeamento, minucioso equilibrista
Impensável artista, espectador activo
O inconclusivo, introspectivo
no nada.

Halterofilia mental
Glorifica-se o supérfluo descartando o todo
Química dos ponteiros, dança inútil do tempo

...TIC-TAC-TIC-TAC-TIC-TAC-TIC-TAC-TIC/

Percepção do quotidiano em fotografias visuais,
humanas, reais
Jantares no não-movimento
Génios sob bluff indecifrado

Controlando ?love? perante milhares de olhos
Privacidade morta
Multidão morta
Morte morta

Deus como um acessório
Deus de braços cruzados parado a ver
os outros acessórios e

o anjo verde em mim a brincar
o anjo verde em mim na génese do

Amor mais perfeito em perfeitas mesas de cristal
Perfeito


*Partilho contigo

O infinito, ele

é solitário*


(Acabou de ler

Anjo Verde e os Sete Poderes do Universo
sedução dos minutos manipulados

starring


O consumidor dos apetites do real adormecido
e a
imperatriz do silêncio escrito)

domingo, 17 de maio de 2009

Hiper-Consciência

Um pensamento mutante. Interior transbordante com projecção incluída. Este é o terror de existir: exagero de avaliação, narração contínua do activo e do inexistente. O dom de transformar o normal em vivências desastrosas. A realidade perde o encanto, alternando entre o asfixiante e o auto-menosprezo. Segurança evapora-se, uma vez expostos. Olhos são lentes que nos julgam e derrubam cada passo. Os outros observam de leve. Olham, reparam. De leve. Como se vivessem numa análise constante! Os outros não reparam fixamente nas caras e nos elementos que as tornam diferentes, não imaginam uma pessoa formada por uma multidão de vozes com um cinto de relâmpagos a elevar-se ao longo de 3 metros. Os outros não estão presos dentro da sua própria mente. Estão tão libertos que falam entre si sem se perguntarem se a roupa que têm naquele momento é a adequada. Há tanto para explorar no domínio dos outros e das vítimas da consciência. Fascínio da morte, hipotético suicídio angelical. Tudo magoa e faz pensar. Daí o fascínio. O escuro. A liberdade. Fim da problematização cerebral. Fim da hiper-consciência. Solução.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

"As piores coisas de que me posso lembrar são muitas e prefiro excluí-las neste momento.
Neste momento agora, deprimo a importância do céu, renego as trevas que flutuam.
Flutuam as nuvens, têm masmorras grandes e bonecas com diamantes em vez de olhos.
Olhos, imagino os teus, grandes e exorbitantes, pedras com valor, são os olhos que definem a máxima vitalidade, podemos ler nos olhos, mini-consciências activas.
Activado o espírito, surpreendo-me como funciona o abuso do ritual satânico não pronunciado.
Não é preciso pronunciar palavras secretas para entrar em transe.
Deliciado pela sedução das tuas profundezas, leve hipnotismo, vicio-me em pormenores.
Beijo-te os dedos.
Há muitas palavras libertadoras, há velas que te ajudam a separar o aroma do fumo.
Penso em ajudar-te, nessa prisão de espelhos, multifacetada individualidade que te garante nada mais que loucura.
Há mais pessoas que a tua sombra permite.
Todos por todo o lado, torno-me num exagero suicida, perfeito ícone de black metal.
Motivos inexistentes para castigar o nome, pouco atraente em fotografias de má qualidade.
E o silêncio não pára.
Sou uma droga vivida no invisível placebo.
Dançando ao ritmo anestesiante de um xilofone, evoluindo para a infantilidade em supremos ritos
de eternidade.
Esta é a imagem projectada por um mundo no abismo.
Os precedentes da dor e do fogo.
Debatendo o impossível, falo de mim e dos dois, somos um.
Porque tudo é fácil: existe o que queres, amas o que não vês, sobrevive o que não desejas.
Escrevo sobre nada.
E nem sei o teu nome...
"

in O Interlúdio Do Teu Corpo Pertence-me

segunda-feira, 11 de maio de 2009

75% completo

Visão da morte abre-se
abre-se a consequência de esperar demasiado tempo

Beija-me agora agora agora agora agora agora
Sente-me agora agora agora agora agora agora

Até a constante repetição abafar a ideia de "palavra"
Até a respiração se tornar perfeito terror sensual
Como a sinfonia do imediato nos teus lábios (des)conhecidos

Beija-me agora agora agora agora agora agora
Sente-me agora agora agora agora agora agora

Vive o imediato

O Espectador Da Arte

Gosto de carros e bazucas, estabeleço ligações próximas com os animais do esgoto. Não são mutantes mas bem podiam ser. Sou contra tudo que é falso, até a criação desta personagem me repugna, eu não sou ele que me criou. Seguro margaridas e mastigo-as até perderem a essência de flor. É contagiante a alegria estilística que complexifica as muralhas. Sou pseudo-humano, mas já sabes, isto é tudo relativo. O objectivo é divulgar, nem que seja o interior de um peixe afável. Tragam analogias para diminuir o sofrimento, tragam formas diferentes de marcar a passagem do tempo. Fisioterapia mental, reparo nos maxilares e mais que vou narrando por palavras mágicas cheias de nevoeiro adaptado. Interrompo a melodia virtual exagerada que emancipa as línguas, quero instaurar, amplificar o conhecimento das frases declarativas. Não sei muito do que se passa por aí. Idealmente o céu teria mãos e póneis atravessariam o deserto em voos nocturnos. Serei o herdeiro natural da mudança de opinião. As pessoas respiram sem se quererem matar. É bom e estranho. Eu não consigo, nem conseguiria conseguir. Deixo-me a sufocar. Deixo-me a assistir, eu. O espectador da arte.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Temos ideias.

Uma carta para quem tem olhos e imaginação

Lembras-me alguém que conheci, nem há muito tempo, foi há algum. Era a possibilidade da perfeição tornada real, realíssima, mais que real. Gosto de enumerar palavras, mas não ligues, eu escrevo mesmo só para mim.
Gostava de lhe ter dado dois beijinhos continuamente e algo mais no entretanto. E porque falo dela uma vez e outra? Porque está aqui e corrompe-me, mostrando-me a incapacidade das circundantes. O vício por amores impossíveis já possíveis no passado impossíveis em outros tempos. Quero ser MAIS completo. Cereais com brinde lá dentro. Assim. Só assim. Ela também escrevia assim. E tinha ideias. E ainda não te conheço. Não posso pensar em alguém sem cara. Seria inestético além de problemático. Que se lixe quem já passou, a estrada é grande e não vejo razão alguma para decapitar estrelas.

Acabo a carta, não com um conselho, nem sequer com uma lamúria. Apenas uma opinião, uma ideia, se preferires.

Hoje é noite e noite é lua gosto da lua ELA BRILHA*