quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Revólver

Antecipo a magia em passos leves, sou mesmo sonhador. Passei oito horas a sentir os seus lábios, a textura era quase real. Escondi-me neste dia de sol no meu quarto diminuto e canto assim para dentro e sinto-me vivo no meu planetinha. Já pessoas me chamaram sensível. Preferia que me chamassem disléxico. O ar revolve nas pálpebras quando me entusiasmo, sim, desculpem mas às vezes excedo-me. E ainda nem comi. Viajo em nuvens neste momento instantâneo. Não percebo a consciência, não sinto saudades de nada que não tenha feito mas revolto-me na mesma. Quando for lá para fora vou exibir-me. Esmagar os crânios de quem mente. Sou sensível, como já me disseram. Acho que não me percebem. Nem querem. Porquê optar pelo prazer de uma mulher quando tenho revistas de moda? Gosto delas assim. Das mulheres. Estáticas e bem vestidas. Caras grandes. Claro que isto não pode ser considerado um acto estranho. Seria absurdo ver isso assim, um ultraje! Também faço outras coisas. Digo "amo-te" aos pássaros. E eles retribuem. Incendeio florestas para me aquecer. Compro sentimentos em pó. Sempre que quero algum é só escolher um saquinho. Todos apertadinhos e perto do meu revólver. Ele não me julga. É bonito como uma das modelos pelas quais me apaixono. Beijo-o em segredo. Provo a morte e dispenso-a. Sabe a ferrugem.

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