quinta-feira, 18 de junho de 2009

É vontade da vontade não ter nada a dizer. Dizer é fácil, há sempre algo a dizer. Prefiro expressar, dar, mostrar. Os segundos não se desperdiçam no abismo, utilizo-os! A minha cultura é a velocidade. Não consigo estabelecer um encadeamento lógico ou poético neste momento. Este momento está a desaparecer. Surgirá outro, claro, mas não acompanhará a pureza deste primitivo impulso. Arte refinada é para perfeccionistas ridículos. Caio na impulsividade do espontâneo e não me admiro por não ter nada de grandioso a mostrar. Serei uma Divindade Secreta, alguém para glorificar aos solavancos. Faíscas molhadas a descer pelo corpo, entrego ao nervosismo o limite da minha expanão musical: sou morte num cronómetro de cristal.

Tantas palavras não explicam a minha condição. Só escrevo porque não há forma de captar o meu espelho. Só escrevo porque sou uma alma egocêntrica. Só escrevo porque estou preso a um corpo repetido. Só escrevo porque alguém vai ler. Isto é para ti.

Não há descanso num ego in flames.

4 comentários:

Cláudia (sings) disse...

Tudo na tua prosa é poesia rapaz! Parece-me que no momento em que escreveste este texto procuraste viver a grandiosidade de um momento de pequenez interior, o que a meu ver é importante, dado que são mais os momentos em que não temos nada de "grande" a mostrar do que os outros, e no entanto a consciencializaçao disso mesmo é algo enorme. Julgo que daí a "Divindade Secreta aos solavancos". Gostei. Gostei também da ideia de "corpo repetido" só não sei se a interpretei como tu. Para mim fez sentido relactivamente ao facto de estarmos condicionados diariamente ao mesmo corpo quando a nossa mente/essência sofre alterações a cada momento, alterações que são apenas interiores e a maioria das quais só nós proprios damos conta. Se as alterações fossem corporais toda a gente repararia, o que torna a nossa visão um instrumento fútil e a nossa mente em relaçao aos outros, um instrumento cego.
Venero almas egocêntricas! Só o são porque decerto são ricas.

Marta Sousa disse...

A perfeição assim como a imperfeição são ridículas. Estabelecer sequer uma barreira entre ridículo e não ridículo é por si só ridículo.

Porque razão o cronómetro é de cristal e não de vidro ou madeira?

Feiticeira de Oz disse...

nao gosto de planear. a magia surge da espontaneidade, do imprevisivel, do surpreendente. a magia perdeu-se algures entre a linha que divide o real do imaginário... nao era suposto ter cara, ter nome.. mas tenho... e agora?*

César disse...

"Arte refinada é para perfeccionistas ridículos."

Mto bom, a frase ganhou um lugar pro blog nos meus favoritos rs