segunda-feira, 29 de setembro de 2008

(Chip, Chip)

- Olá, como te chamas?

- Que te interessa?

- Não muito. Apenas gostava de saber. Afinal quem és?

- Fácil de responder. Sou aquela. A noite o dia. O princípio e o meio. Uma encantadora, uma espectadora. Uma encantadora de serpentes, uma fada.

- Define-me fada.

- A ti ou em geral?

- Para todos.

- Fada: "Ser imaginário representado por uma mulher dotada de poderes sobrenaturais." Mas isto não fui eu quem disse. Diciomário.

- E concordas?

- Em parte. Vejo-me mais como um espelho mudo, uma fatia de gelatina a repousar no Inferno.

- Isso não faz sentido...

- E tem que fazer? Não te podes entregar ao exemplar que soletro?

- Desculpa Fada...

- O meu nome agora é Metamorfose. E não te desculpes. Isso é para fracos. Estou farta de lamentações. Quero outras coisas. Quero luzes. Quero. Não há discotecas na floresta.

- E só vives aí?

- Não. Às vezes habito nos espíritos de quem odeio. Refugio-me nos olhos de quem desprezo. É uma forma de combater esta mortalidade agarrada.

- Não sabia que eras mortal...

- Nem sei se sim ou se não... tenho vergonha de tentar o suicídio.

- Pensas como um homem. No escuro diria que eras um.

- Não tenho tempo para discutir isso. Não tenho tempo... perco-me na sabotagem... sou um teatro peculiar...

- És demasiadas coisas...

- Parece que já não acreditas em mim...

- Não consigo qualificar-te, Fada, mas não me pareces assim tão complexa...

- Já te disse: o meu nome é Metamorfose. E sou um pedaço de fantasia à solta. Percebes?

- Transfiguras-te!

- Exactamente. Agora dá-me licença enquanto me mato...

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