domingo, 9 de novembro de 2008

Descrição Inexistente

Puta de gaja boa, juro que adoro aquela cara. É habitual em hipermercados, deve ser pobre, é certo. Tão delicada musa e subterrânea e pré-histórica.
Cabeça grande, bem esculpida, parece a refugiada ideal de uma ilha secreta. Como sensual que parece que é que sinto que mostra. Está abrigada num casaco bege transparente não, tão comum nesta época, mas extra-especial na sua figura.
Esqueço-me de mencionar as mãos, foge-me a beleza capaz de membros inúteis. Na certa seriam de cores grandiosas e capazes de derrubar rochas solitárias.
Totalmente desproporcional, totalmente deliciosa. Inversamente proporcional à desproporção.
Encontro encanto neste dias pré-natalícios, vejo que me posso surpreender além de palavras minhas em sítios previamente criados em mundos superficialmente familiares ou até planeados.
É normal.
É usual ver anjos nesta altura. Não me sinto vazio, apenas livre de mais e ao mesmo tempo claustrofóbico.
Com vontade de me agarrar a algo, com vontade de querer, ao menos de viver.
Quero viver numa rua almofadada.

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