segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Kitty Argyle II

As luas passadas a debater nomes de bandas, sempre doenças inexistentes, padrões de palavras agarradas ao último fio de nexo, lembro-me dela.
A sua voz de criança mimada a arranhar-me no crânio. Conheci-a.
Sinfonia em fase final de espanto, inicial na arte do crescimento.
Jogo de personagem, não a vi toda, não se permitia oferecer verdadeiramente.
Nem aos que chamava de amigos.
Toco em mistérios, e este está perto, ou esteve, pelo menos.
Apelidava como suas as aranhas, imaginava que as suas presenças estavam definidas para o seu prazer.
Um dia sei que ela mostrou mais soluços do que queria.
E tornou-se um choque para ela. Nunca mais me deixou observá-la enquanto invocava choros.
A sua sala cortada era um local de culto, mas demasiado privada para os gostos selectos das redondezas.
Sentava-se encostada à janela maior, encarando furiosamente os traços de céu.
A hora esperava, aproximava-se, queria um pouco mais de algo, não do mesmo mais.
Ela.
Parecia sempre mais bonita nas molduras em que não aparecia.
Sentia na maior parte das vezes um pulsar descontrolado que a dominava, um tipo de infelicidade contagiante aconchegante.
Mostrava sardas imprevisíveis ao longe.
Tinha saudades de si mesma.

«Vamos brincar lá para fora
Eu faço de boneca bonita
E mato-os a todos»

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