terça-feira, 12 de agosto de 2008

Kitty Argyle III

O almoço num desespero, comer torna-se saciável na pobreza do redor.
Vítimas do roxo por afinidade, escondendo pílulas despidas na almofada, foi nesse dia que nos ajoelhamos por mais maquilhagem.
Que entoação educada e saltitante, os cotovelos apoiados no cobertor e o fervor entusiasta impulsivo de um visionamento sem entraves.
Rastejávamos aos solavancos, o suspense, susto a cada instante preso das imagens alastrou-se.
Tinha medo de não te saber reconhecer fora do ecrã.
Reparava em algumas crenças trocadas nessa habitual habitação. Abordava-me quando já te imaginava perdida outra vez por força demais.
Sempre farejaram quando gosto demasiado delas. Dão-se à liberdade de brincar com o garantido. De bonecas éramos feitas e assim queríamos ficar, juntinhas, mas não uma à outra. Estava indecisa quanto aos sentimentos que me provocava.
Queria redigir os estragos longe de jurisdições perversas.
A culpa de mímicas usadas transformava-me. Deliciosamente adulta tremia por mais.
Sei como era deitar-se de braços protegidos a ouvir os lábios da liderança a cravejar.
Afundava-me ainda mais no espectro da demolição que ajudara a criar.
Impensável desistir. Chamavam-nos estranhas. Tínhamos pesadelos aos pares. Sem qualquer sono envolvido. Tudo o que fizemos justificado. Castigo e aliança por merecer tão pouco.

«Quero-te ensinar uma dança.
Fechas os olhos em detalhe.
Fixas o prodígio. E sorris.
Não é bom sorrir?»

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