Desde pequena que se mostrava dentro a si mesma. Odiava-se.
Seria um ligeiro suspiro poder respirar, aspirar o ar, levitar nos vidros mais longínquos.
Seria produto de artefactos e demónios, tocava-se regularmente a preto e branco.
A sua maior recordação não era outra. Seria nítida.
Consistia na sua visão electrificada a adormecer antes mas não de repente, primeiro a dançar, um rodopio agudo perante pares de cartas com cara, jogo combinado de reflexos e automatismos. Não havia dúvidas que seria uma exibição, talvez um ritual.
Demorava a ocultar o atroz fascínio de buscar o efeito de monstra.
Sentia-se uma monstra na amnésia presente que escolhera visitar.
Enorme, rasgos de ar a passar pelos dentes, cabelo dificilmente claro escondendo os restos de mortalidade.
Sentimento de espera.
Seria uma garagem presente num jardim passado numa cave. Com amigas cartas caras à volta.
Pediam-se para se mexer, rodava, simulava os limites de um videoclip acidental sem música.
Liberdade.
Queria construir, fora de castelos, longe de puzzles, uma ópera-rock.
Começara a trabalhá-la devagar, os violinos seriam captados com força de vontade.
Não sabia nada de música, não escutava notas, não sabia o que era uma nota. Uma gota.
Muito tempo desleixada abre as portas de cenários interiores, privados.
Tempo de filmes de terror, chocolate, tempo de ressureição.
Obcecar-se com traições que não ocorrem.
Estática no nevoeiro.
«É bom ver feios no ecrã
Se me portar bem, dão-me um par de tesouras
Posso cortar as minhas mãos com elas
De nada me servem»
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
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